A minha vénia às mães que estão separadas
- Irina Vaz Mestre
- 7 de abr. de 2018
- 2 min de leitura
Estou desde 5f literalmente a beber novos conhecimentos. Aprender é algo que me fascina. Preciso disso para me sentir viva.
Sinto-me viva quando leio, vou a formações, frequento cursos, falo com pessoas, aprendo outras coisas.
Ontem senti-me muito pouco viva quando cheguei a casa. Na verdade, já me estava a sentir a morrer mal saí da Certificação em Coaching que estou a fazer. Um aperto no peito difícil de gerir.
Esperava-me uma casa vazia. Sem gente. Sem cheiros. Sem vozes.
Uma casa fechada. Fria. Despida de emoções. Sem sentimento.
Saberes que é assim durante 2, 3 ou 4 horas; é uma coisa. Saberes que é assim durante 2, 3 ou 4 dias; é completamente diferente.
E de repente tive um flash. Senti, genuinamente, aquilo que tantas mães que estão separadas devem sentir quando os seus filhos vão passar a semana ou o fim-de-semana a casa do pai. E naquele momento pus-me mesmo no lugar daquelas mães. Que têm uma família, que têm a confusão, que têm o espaço para os seus filhos, mas nem sempre esse espaço está ocupado, nem sempre essa família está lá, nem sempre têm a confusão para gerir.
E não sabemos o que fazer. Vemos camas vazias. Panelas fechadas. Frigoríficos sem tempero. Brinquedos arrumados.
Ficamos só numa parte da casa. Ocupamos só um lugar na cama. Temos de nos deitar de meias e camisola, porque não temos o calor humano que nos aquece os pés, que nos reconforta a alma.
Sentimos saudades até das birras. Desejamos reviver tudo aquilo que, no momento em que estamos a vivenciar, mais repudiamos e odiamos. No adulto. Na criança.
Sabemos que amanhã o sol volta a nascer e que a vida continua. Percebemos que quando acordarmos, voltamos a estar sozinhas. Entendemos também que até isso vai acabar por se tornar um hábito, e que provavelmente vai deixar de ser tão intenso. Mesmo assim, continuamos a desejar a nossa família. Que não fosse assim. Que pudesse ser de outra forma. Que nunca tivéssemos de passar pela altura em que nos vamos habituar a que seja assim.
Amanhã volto a ter os meus perto de mim. E há mães que voltam a sentir tudo isto de 15 em 15 dias, de semana a semana, por um tempo indeterminado, até ao final das suas vidas.
E é por tudo isto que, aqui, quero deixar uma vénia a estas mães. Uma grande e sentida vénia a estas mães.
IrinaVazMestre
|Psicóloga & Facilitadora de Parentalidade Consciente|
NOTA: Aqui falo de mães. E também podia falar de pais. Falo simplesmente de mães, porque é o que sou – Mãe. Mulher. E como mulher e mãe, foi nesse lugar que me vi estar e senti ficar.
Informações em irina.vaz.mestre@gmail.com
|Aconselhamento Parental – Acompanhamento Psicológico – Workshops|
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