As nossas discussões
- Irina Vaz Mestre
- 21 de jun. de 2017
- 3 min de leitura
Cá por casa também se discute. Discute-se com miúdos e com graúdos e entre miúdos e entre graúdos. Como em qualquer casa, aliás.
Até aqui, tudo normal. Discutimos com respeito pelo outro e estamos a tentar [nós, os graúdos], que quando os miúdos [neste caso, as miúdas] discutem, também o façam com respeito uma pela outra. Tarefa não tão fácil, até agora.
E de inúmeras razões para discutir, há um tema que é aquele que é mais discutido entre os graúdos cá de casa: a educação das nossas filhas.
E hoje venho falar-vos sobre estas discussões, que são nossas e que já vêm sendo hábito entre nós.
Nos acompanhamentos parentais e psicológicos que faço, constato, com grande frequência, que a discussão sobre a forma como vão os pais educar os seus filhos não é uma prática comum.
Constato ainda que, com muita frequência, os pais discutem sobre a forma como o outro está a educar os filhos.
E constato também que, normalmente, essa discussão aparece quando o problema já está mais do que entranhado nas paredes lá de casa. Isto significa que, inconscientemente, os pais resolvem isoladamente, com as ferramentas que têm na altura, as situações que surgem e, ao fim de algum tempo, e normalmente quando essa resolução não está a gerar os resultados que se pretende, surgem as discussões, que normalmente se resumem a acusações baseadas em estilos parentais [ou porque se é demasiado permissivo ou excessivamente autoritário].
Desde que tivemos a nossa primeira filha que é hábito discutirmos. E eu adoro estas discussões. Fomento-as. E às vezes duram dias.
Aqui por casa já vem sendo hábito pararmos para nos reencontrarmos na nossa forma de educar. Quando há algum comportamento das nossas filhas que exige de nós, pais, uma resposta mais pensada, lá vamos nós discutir a forma de atuar.
É muito comum, no meio das tarefas do dia-a-dia, das primeiras vezes que surge o comportamento, atuarmos isoladamente. E é também muito comum, quando isso acontece, o que está apenas a ver e a observar o que se passa, puxar depois a discussão.
Sermos congruentes na nossa forma de educar é, para nós, fundamental. Na verdade, as nossas filhas são o nosso maior propósito de vida. E isso exige dedicação. Por isso, quando discutimos, discutimos para chegar a um consenso e para nos encontrarmos algures no meio.
No meio da história de cada um de nós, da forma como cada um de nós foi educado, das nossas intenções, das nossas preocupações, da nossa essência, daquilo em que acreditamos, daquilo em que somos fortes, daquilo em que somos fracos, dos nossos medos, das nossas angústias, das nossas frustrações, dos nossos traumas, dos nossos sonhos.
Discutimos porque nos queremos ver. Queremos continuar a vermo-nos. Queremos continuar a olhar para o outro, e não só para nós. Queremos continuar a redescobrirmo-nos e a encontrar coisas que ao longo destes 20 anos não sabíamos existir.
Queremos continuar a ficar surpreendidos com pontos de vista, com formas de ser e de atuar. Não queremos a perfeição do outro, queremos a Nossa perfeicão, a perfeição daquilo que acreditamos ser a Nossa perfeição.
Então discutimos. E nem sempre concordamos. E às vezes demoramos tempo a concordar. Mas falamos. E continuamos a falar. E continuamos a discutir.
E depois de tudo isso, deitamo-nos num abraço. Aquele abraço que sabe, em consciência, que estamos a lutar por uma mesma causa – os seres em que se tornarão as nossas filhas. E por elas, iremos discutir sempre para, no fim, darmos as mãos e continuarmos este caminho, o da Parentalidade.
Porque, para mim, esta é uma das peças do puzzle da Parentalidade Consciente – ter a perfeita consciência dos nossos atos e de onde eles nos levarão.
For Love, With Love ❤️




IrinaVazMestre | Psicóloga & Facilitadora de Parentalidade Consciente
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